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Empresas brasileiras vão à COP26, mas faltou presença nas redes

O governo brasileiro esteve acuado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) em Glasgow, Escócia. A pressão veio de todos os lados. Empresas brasileiras globalizadas – como a Brasil Foods (BRF), JBS e Natura – assinaram carta aberta com demandas específicas ao governo; empresas multinacionais como a Google exibiram vídeo com falas de celebridades em que Anitta e BLACKPINK fazem referência direta à Floresta Amazônica; durante os protestos nas ruas de Glasgow, ativistas brasileiros foram entrevistados por grandes veículos da mídia internacional; ONGs brasileiras participaram de múltiplos eventos paralelos além de amplificarem o dia a dia da Conferência via seus canais de comunicação; e por último, representantes indígenas foram protagonistas ativos, como a Txai Suruí, paiter-suruí de 24 anos que chamou a atenção nas redes sociais com sua fala de dois minutos na abertura da Conferência.


Entre todas as ações, a que mais me chamou a atenção foi o posicionamento dos CEOs brasileiros, normalmente cuidadosos quanto a confrontar o governo publicamente. Mas desta vez, ao assinarem uma carta aberta idealizada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), enviaram sinal claro ao governo brasileiro sobre de que lado estão no debate em torno das medidas necessárias para evitar um aumento da temperatura média global superior a 1,5ºC. Entre as recomendações na carta estão o aprofundamento da discussão entre o setor privado, a sociedade civil e o governo sobre a posição brasileira em relação ao Artigo 6° do Acordo de Paris (cooperação e regulação do mercado de carbono global), a adoção de regras que possibilitem o desenvolvimento de mercados de carbono voluntário e regulado no Brasil e o combate integral e inequívoco ao desmatamento ilegal da Floresta Amazônica e de outros biomas brasileiros.


Mas tão importante quanto assumir compromissos e implementar ações concretas é a comunicação destas ações para a sociedade, e aí o CEO da Salesforce, Marc Benioff, deu um show. Ele não somente foi à COP 26, mas tuitou consistentemente sobre a COP e seu projeto de plantar 1 trilhão de árvores. Não fica dúvida quanto ao que pensa.


Reforçando este ponto, a consultoria britânica Salterbaxter – que atua no espaço ESG – acabou de publicar um estudo. Nele, 76% das empresas em indústrias com alto nível de emissões (óleo e gás, automotiva, agronegócio e alimentos) que apresentaram um bom desempenho nas suas ações climáticas ficaram aquém no uso da comunicação para viabilizar uma mudança de comportamento sustentável entre os seus stakeholders; e metade das empresas com alta pontuação em suas ações climáticas teve pontuação baixa ou média quanto à liderança do CEO. E aí voltamos aos CEOs brasileiros. Mesmo estando presentes na COP, nem Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, ou Marcelo Behar, CEO da Natura & Co., tuitaram uma vez só. A bem da verdade, eles nem conta no Twitter têm. E ficou para o Marc Benioff retuitar entrevista da Txai Suruí à BBC.

Mas a resistência dos CEOs de se posicionarem sobre temas nas redes sociais não é exclusividade brasileira. Mesmo em se tratando de tema relativamente pouco controverso, CEOs da indústria automobilística comprometida com carros elétricos, como Mary Barra da GM e Elon Musk da Tesla, não se pronunciaram no Twitter sobre a COP 26.


O desafio para as empresas é que a “realidade” nas redes sociais passa a pertencer àqueles que contam seu lado da história. Li no LinkedIn sobre o acordo que a JBS assinou com a empresa Royal DSM para reduzir em escala global a emissão de metano entérico bovino; uma ótima iniciativa, mas nenhum tuíte ou post no Instagram, nem pelo perfil corporativo da empresa. Será que o acordo existiu para a grande maioria?

 
 
 

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